Não!
Estou cansada de dizer esta palavra. Talvez se a gritasse e a soltasse ao vento, o ar ficasse repleto de “nãos!”. Tantos que nunca mais fosse preciso pronunciar essa palavra.
Porque, no fundo, eu é que estou cheia de “nãos” que me enchem os sonhos, como se fossem sinais luminosos vermelhos a impedirem o caminho para algum sítio.
Não!
Mas se o “não!” está em todo o lado, como fazer para viver o “sim”?
Como dizer “sim“ aos outros e às crianças? Seria tudo tão diferente. Claro, haveria sempre perigos, mas poder-se-ia substituir o “não!” pela palavra “atenção!” ou “cuidado!”. Dum modo gentil, claro está. Porque o segredo, afinal, é esse: a gentileza!
Não! Não são bolos, nem rebuçados, mas apetecem comer. Talvez por isso é que estão ali enclausurados para que eu possa passear entre eles, com um sorriso, sem ter que dizer “não” à gula e ao vício do doce.
Minnie Freudenthal
Julho, 2019
Fotos de Minnie Freudenthal e Manuel Rosário